sábado, 3 de abril de 2010

ESTH: Medo

O medo afasta-nos daquilo que queremos, daquilo que somos, daquilo que precisamos. O mecanismo que nos protege de saltar para um abismo é o mesmo que limita o nosso próprio desenvolvimento. É o mesmo que nos pousa suavemente no abismo do progresso (ponto em que este toma o seu valor mínimo).
Quais as vantagens? E as desvantagens? Será que compensa recearmos as perdas, sem olhar aos ganhos?
Temos o medo como reacção instintiva, não racional. Mas não é a nossa luta contra a inconsciência uma prioridade? Fazemos máquinas com dispositivos de segurança, varandas com protecções, telemóveis com códigos de acesso. Com tanta segurança, de que nos serve hoje o medo?
Se formos assaltados, para que precisamos de nos sentir vulneráveis, se apenas nos vai turvar a visão? Para quê tremer, se podemos enfrentar a situação com calma e cabeça fria?
[Atenção: Não quero incitar ninguém a desafiar um gangue de dezenas de pessoas. Digo apenas que de nada servem as reacções associadas a, e provocadas por medo. A mente clara e limpa resolve tudo mais rapidamente.]
A adrenalina é libertada em situações potencialmente perigosas, mas esta apenas nos torna animais mais capazes fisicamente, turvando-nos as capacidades racionais que não tenham como objectivo a fuga, a sobrevivência animal. Sim, ficamos mais rápidos, mais fortes, com melhores reflexos, mas perdemos precisão, minúcia, habilidade. É algo que temos que pesar e medir.
Ainda assim, a adrenalina não provoca a sensação de medo, é uma relação causa-efeito unívoca. Assim, podemos controlar a quantidade de adrenalina que nos circula no sangue, seja através de controlo assistido - recurso a químicos externos, sintéticos ou não - ou de auto-controlo. Para este último será preciso recorrer à meditação como caminho do auto-conhecimento, a consciência da nossa própria natureza.
A origem do medo tem que ser encontrada em nós mesmos. É dentro de nós que ele vive, e é lá que deve ser compreendido, controlado e, pelo menos, minimizado. O medo é a característica mais animal que temos, e não nos podemos sujeitar a ele.
Todas as nossas acções devem contribuir para o controlo pessoal, individual, da nossa existência. Se o medo está tão ligado à nossa base, ao nosso núcleo (conjunto de acções e reacções), devemos abandoná-lo, impedir o seu alastramento.

MFerreiro.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Farewell And Goodnight

No princípio era uma pequena verdade, assimilada por aquilo que nos compele a Acreditar.
Tão imutável e preparada como tantas outras, unida por um fio de contentamento pela escolha feita.

Um Milagre, se é que tal pode existir. Um olhar bastou. O aroma que libertavas naquela altura, como em tantas outras, vem novamente ao de cima. Ainda o recordo, e tenho saudades dele.

Já nada restava de mim. O combate incessante pela mudança não compensara, e deixara a sua marca. A dor fez-se sentir quando pensei em baixar os braços, já o galo clamava o final da escuridão e consequente amanhecer.

O mundo mudou naquele dia. Assim que acabei a conversa senti precisar de uma calma que só o agridoce paladar da nicotina tráz, bem como o fumo que sai dos pulmões, ora quentes, ora frios, e sempre trementes, após tanta excitação.

O Amanhã seria mais claro. Ou não. Mas naquele momento só esse pensamento me movia, uma montanha de quilómetros de altura, já desgastada por uma erosão longa demais, e certamente eterna.

Todos nós Somos. Comemos, bebemos, rimos, pensamos, sentimos. Sofrer faz apreciar a Vida. Ainda que a maldigamos por momentos. Olhar para trás? Porque não? Se nos vai ajudar a cumprir o nosso tempo alugado a um ser superior, ou aos nossos descendentes; ou até a melhorá-lo, torna-se um passo importante a tomar para o bem daquilo que nos rodeia. Mas não nos esqueçamos...tudo tem um preço.

Recordo a tua cara uma ultima vez. Rio-me. Já não significas aquilo que tantas noites me deixou acordado. Que alivio.

Até Sempre.