quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Paragem

"Não consigo.

Tenho as mãos atadas aos pés... Correr não é possível e, mesmo a andar, o máximo que consigo é tropeçar em mim próprio, desequilibrar-me e cair. Escorregar naquilo que vejo mas de que não me desvio, e aterrar de cara no pó do meu caminho. Firo-me, sujo-me, inspiro a poeira, tusso, e recupero. Mas tudo continua na mesma. Não será depois de cair uma vez que conseguirei andar. Não será por aprender a andar de mãos atadas aos pés que conseguirei andar.

A salvação está em tirar os nós.

É dos nós que tenho que me livrar, não posso aprender a viver com eles... Eles não fazem parte de mim. Nem eu sou parte deles. São um desafio, uma tarefa como qualquer outra. A única maneira de conseguir correr é levantar-me e acelerar. Pode não ser a corrida mais rápida de sempre. Basta não parar, não travar. A cada minuto que parar, terei perdido mais um minuto. Mais um de tantos, de demais. A vida não espera por ninguém. E o medo de perder a boleia é demasiado destrutivo para que alguém o possa ter. Eu ganhei-o, porque falhei, porque quis, porque dava trabalho, porque isto, porque aquilo, porque não tinha forças, porque não era capaz, porque sou estúpido e derrotista. As únicas coisas que ganhei foram os vícios do pensamento cíclico e autodestrutivo.

A salvação está em encontrar a força.

Encontrar a paz interior, encontrando a força que a cada um é dada, à nascença, com a experiência, não sei. Mas todos temos uma. Que tem que ser encontrada, desenvolvida, e assegurada.

A perdição encontra-se nela mesmo.

O início da guerra é sempre com guerra. Enquanto não for travada, continuaremos sempre a perder-nos, interiormente, como pessoas, e exteriormente, como sociedade.

Encontra-te. Tenho que me encontrar. Sou capaz. Sei que sim."

Excerto de "O dia em que me perdi", um conto de Kaz'Ka Anush.


MFerreiro.

domingo, 15 de novembro de 2009

Móvel

"De apático a dinâmico,
de solitário a social,
de incapaz a inteligente,
de pecador a santo,
de desligado a motivado,
de dormente a sensitivo,
de desgastado a fresco...
Mais uma vez santo? Pois, não sei.. Deixar alguém caído, inconsciente, para mim é desumano.
Nem sempre a vida nos sorri, e por vezes acabamos por fazer coisas que não esperávamos...De bom e de mau... Não devemos julgar alguém por aquilo que faz, mas por quem é..

Tudo tem bastidores. Tudo tem uma cortina que tapa o trabalho complexo dos olhos de um comum espectador (Merda, não me consigo explicar.. "Merda no meio das pernas, não me consigo explicar debaixo dos lençóis.." Creio que seja assim...)

Estará na hora de me deixar de análises do foro psico-social? Sim, depois das escadas da redenção, o melhor a fazer sera mesmo pousar a caneta virtual e descansar, finalmente descansar..."

Excerto de "Memórias do meu presente", por Christopher Reeves.


MFerreiro.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Coleccionando

"A vida é uma empada! Por fora seca, por dentro recheada."
Não sei quem inventa coisas destas, mas são verdadeiras pérolas da escrita..
Para alguém que não esteja dentro da vida de alguém, as histórias vão parecer secas, insignificantes, pouco importantes... No entanto, estando por dentro do assunto, observa-se que a vida está recheada de pormenores, uns mais escondidos, uns mais subtis, outros mais visíveis e claros, mas a verdade é que a vida é uma caixinha de surpresas.
E sim, hoje foram a maior surpresa que tive nestes últimos tempos.

Amanhã acabo de escrever!


Durmam bem, pessoas que fazem bem às outras,
MFerreiro.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Já vai

Adoro escrever. Sei que o faço bem, mas gosto verdadeiramente de escrever.

Mas quem me dá o direito de dizer aos outros o que quer que seja? Quem sou eu neste mar de pessoas inteligentes,
bonitas, simpáticas, capazes?

Bem, se calhar este mar está um pouco poluído demais.. Ou talvez seja um rio, e eu apenas esteja a tentar ir
contra a corrente. Não me importo. Se tenho algo a dar a alguém, dou. Se quero dá-lo, ninguém mo pode impedir.

Quem escolhe se é aceite não sou eu.

Por isso caminho, dou o que posso (o que quero..), e sigo feliz como quero (como posso..).

A felicidade está ao alcance de todos. Basta querer.

[
Há aqui, neste blog, um certo abuso de expressão. Quando escrevo "todos", não me refiro a toda a gente. É horrível,
mas a solidão, o medo, a dor, o desespero, a morte, tudo isto tem uma presença constante na vida de algumas pessoas
que não vocês.
Eles sim, sentem o verdadeiro temor de uma vida sem certezas que não a morte, muitas vezes precoce.
Eles sim, sentem constantemente o roçar dos mantos negros a quem dão o seu último sopro.
Por isso quando aqui escrevo "todos", refiro apenas à massa quase uniforme de humanos abençoados pela graça da
dita "civilização", já de todas as maneiras e feitios "ocidentalizada".

O meu objectivo é fazer com que a massa se transforme num conjunto, depois num grupo, e depois em pessoas capazes
de se abstrair deste pacifismo desarmado, deste conformismo apático.

Devia ter escrito isto no início.
]


MFerreiro.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Exodus

Foge.

Corre para todo o lado, foge de todo o lado.

EXPLORAR

Correr faz bem. Liberta-te. És quase obrigado a fazê-lo.

Born to run.

Todos os humanos nascem com uma função. Executá-la ou não é uma escolha de cada um.

Greater good? Desconheço. Há um plano dentro de cada um. A única tarefa difícil na vida é cumpri-lo. Mas nunca será impossível.

Power grows deep within.

Nunca te escondas de ti próprio, não te fujas. Persegue sempre os teus medos. Estes passarão a temer-te, por oposição. Sê dono e mestre do teu fio do destino. Reina sobre tudo e todos, sem que eles saibam.

AUTO-CONHECIMENTO

Descansa apenas quando não puderes mais. E mesmo aí, terás que saber que não o podes fazer. Enquanto estiveres parado, o resto do Universo estará a correr à mesma velocidade, não se importando contigo.

Inspira e expira, bebe um café ou fuma um cigarro. Faz o que quiseres. Mas volta à corrida, sem olhar para o cansaço inesgotável.

Senta-te por um pouco. Fecha os olhos, deixa correr o vento. Pensa em tudo o que és, no que queres fazer. Abre os olhos, e levanta-te. Não estás em primeiro na corrida? Não interessa. Aquela paragem deu-te força para voltar à carga, mas mais importante que isso... Aprendeste a ultrapassar os obstáculos. Sempre que os houver, não faz mal parar por um segundo para olhar para ele. Depois disso, saberás como quebrá-lo.

Podes não vencer, mas garante que não és vencido.

CONTINUAR


MFerreiro.