segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Haiku #2

Presos,
Troçam das suas mãos amordaçadas.
E bebem mais uma gota do quadrado de um céu limpo.


NIRVANA BLUE

domingo, 24 de outubro de 2010

Haiku #1

Um haiku é constituido por tres a quatro versos, uma forma de poesia originaria do Japao. 'E, para mim, algo de belo, pela sua ligaçao obrigatoria 'a natureza, e porque tem de haver uma expressao que define o texto em si. Quem quiser ler mais Haikus, pesquise no Google, garanto-vos que vale a pena.
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Porque é muito mais facil ter medo ao frio
Porque o gelo é ansioso,
e um dia novo assusta.



Nirvana Blue

terça-feira, 19 de outubro de 2010

E os Espinhos Já Não Picam

Os braços dormem descansados. As petalas caem, e os espinhos ja' não picam. A rosa morre. Quase criminalmente. O animo fugiu, voou quando viu a janela aberta. A apatia 'e a nova companhia, dia apos dia, mais monotono que o anterior, mais pesaroso e arrastado que o seguinte.
Perco-me nas caras da televisao, que falam de desgraças todos os dias, que dao sedativos aos putos que, em breve, vao deixar de sentir. Cerebros dormentes do nosso amanha. Folhas caidas no Outono, tao emocionados como o naufrago que deu 'a costa ha' mais luas do que as que consegue enumerar.
Estes pensamentos sobem no primeiro cafe' que bebo, de um trago, para dar vida aos meus olhos cansados. Longe vao as noites, entre um cigarro e uma cerveja, entre amigos, onde jurei a minha imortalidade e a vontade de tomar a vida nesses meus braços que agora estao comatosos.
Onde esta a promessa de um suspiro?

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

#47

Onde foste? Hoje restam apenas os lençois desarranjados e amarrotados, intocados desde a ultima vez em que te deitaste neles.
Restam os bilhetes no frigorifico, auxiliares da tua memoria que, ora sim, ora nao, chega atrasada aos compromissos que promete nao esquecer. Levaste parte de mim, nesse teu desejo de partir, tao rapida e subtilmente, 'a procura da proxima aventura.

"Vamos perder-nos por ai'"...ah, a sensaçao...que saudades!...virar o carro para uma terriola que nao conheço, porque nao a conheço, porque nao quero voltar nunca.

Nunca pensaste demasiado nas coisas. Nunca pousavas a tua maquina fotografica, na tua procura de uma situaçao perfeita, de um olhar sedutor, cheio de emoçao, que irias eternizar. De uma mae com os filhos, de uma flor fora do sitio, como tu 'es.

So' contavas com a tua leviandade, com a tua facilidade em saltar de liana em liana, nunca sentindo a falta de nada, ou sentindo, mas pondo a tua causa acima de qualquer outra pessoa. Por uma questao de sinceridade, dizes. Como o "Blackbird"...sim...perfeito para te descrever...

Mas quando foste, nao tiveste em conta que eu fiquei. E acordei sozinho nesse dia, com uma fotografia, e uma frase de ida mais apressada que eu gostaria que fosse: "You were only waiting for this moment to be free".

E, ate' morrer, vou lembrar-me de ti, e do que teria acontecido se tivesses ficado mais um dia, uma semana, ou ate' este pensamento.

Ate' morrer, vou olhar para os passaros de maneira diferente.

Ate' morrer, tiro todos os dias uma fotografia.

Ate' morrer, perco-me todos os anos.

Ate' morrer, vou encontrar-te.


NIRVANA BLUE

domingo, 3 de outubro de 2010

Estrangeiro

"como se pode ter saudades do que nunca se teve? Como 'e que conseguimos ser alguem sem a experiencia de ter vivido antes?
Representar cada momento como um prodigio experienciado num dia de alucinaçao absoluta.
Nao sei se foi ontem, se foi ha um ano ou ha' bocado
A faca, objecto tao utilizado para cortar algo, serviu perfeitamente para destruir os meus mais profundos laços, desta vez usada brutalmente, de uma forma proverbial.
Ja nao preciso de me ligar a ninguem. Fui desiludido na acepçao mais dolorosa da palarvra, por entre as nuvens que obstruiam as ilusoes que tao ardentemente desejava."

- in The Cold Light of Morning, o inicio do meu livro.


NIRVANA BLUE

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Nirvana Blue

O estado de iluminaçao em suaves tons de azul. Como um mergulho no oceano, dado sem pensar, com um sorriso de orelha a orelha, furando a agua de cabeça.

A minha definiçao de paz. Um mergulho que nunca acaba, a natureza a penetrar os poros da minha pele. A minha uniao, sem morrer.

Mas ainda nao sei o meu nome...