sábado, 25 de julho de 2009

Férias

Início: 26 de Julho de 2009

Final: Indeterminado. (Apontem para meados de Agosto)


That is all.
MFerreiro.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Furo

É tão bom quando a vida nos corre bem. Quando sabemos o que está certo: é o que estamos a fazer. É uma coisa tão boa de sentir, mas ainda assim.. Tão rara.. Tão doce, mas tão fugidia..

A ideia que temos de nós. Quem a faz? Eu? Os outros? Todos? Ninguém?

Equilíbrio.

Ninguém me pode exigir nada, a não ser eu.. E quando eu não cumpro com as minhas exigências? Que faz isso de mim? Uma falha. Sim, falhei claramente, os meus objectivos foram sendo esquecidos, para não ter a amarga desilusão de que não os cumpri por.. Sei lá!.. Mas não os cumpri. E tinha esse direito, e esse dever. Vou esquecendo.. Vou-me esquecendo.. Vou esquecendo-me..

Prendam-me num sítio em que esteja livre. Mandem-me para longe de tudo o que é meu. Troquem a minha vida durante uma semana. Esta está a custar, agora..

*Wish granted*

Estou no mesmo sítio. Na mesma cadeira. À frente do mesmo computador. As letras continuam no mesmo sítio. Os acentos estão cá, isso exclui metade do mundo. Vou descobrindo que continuo exactamente no mesmo lugar. Terei sido enganado? Olho ao espelho. Onde estão as olheiras? Onde está a expressão fria e vaga? Respiro fundo. Há cheiros no ar. Há vida. Há vida!

Não me perguntem porquê.

Equilíbrio.

Apenas não me perguntem porquê.

Só equilíbrio.


MFerreiro.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Edição Especial

Choro. Não, não choro. Quase choro. As lágrimas espreitam cá para baixo, mas não saltam, mas já estão à janela, mas não saltam, mas estão quase.

Custa ver. Custa ouvir. Dói, como se fosse comigo, mas nunca é, nem nunca foi. Pode ser que venha a ser.

Ah, vida. Ah! Vida de merda. Às vezes chateias, às vezes irritas. Sabes como és, melhor que ninguém. E nunca mudas, teimas em fazer sempre asneiras. Passas a perna, e só depois dás o empurrãozinho.. Só quando já perdemos o equilíbrio é que ajudas a continuar. Só dás o empurrãozinho para a queda doer mais. Mais. Mais. Pára com isso.

Porque sofremos?


MFerreiro.

Who? Naturally..

Estica o dedo. Não feches os olhos. Tremes, suas, mas não páras. Com o olhar, fixas bem a ferida que tens na perna. Sentes um choque. Outro. Cerras os dentes, e todos os músculos se contraem. Mas não páras. Não deixas de pôr o dedo na ferida.. Não deixas de te fazer sofrer, sabendo que será inevitável se não mudares a atitude.

Porque é que ninguém me ouve? Às vezes tenho essa sensação. Ou ninguém me ouve, ou me ouvem demais.. Mas o equilíbrio está fora de moda? Hoje toda a gente quer imenso alguma coisa, em todos os assuntos. Ou querem imenso alguma coisa, ou querem imenso não ter/ver/sentir/cheirar/ouvir alguma coisa. Neste caso, ou querem imenso ouvir-me, e ouvem tudo como se mais ninguém na Terra soubesse falar, ou então nem se apercebem que estou verdadeiramente a falar. Há que acalmar. Há que pensar. Há que raciocinar. Há que amar.

Parem de subir o tom de voz.
Parem de querer mal outros.
Ouçam-se a vocês mesmos, vejam o estado em que estão.
Vejam o que fizeram. Não têm vergonha na cara?


"You are not your job.
You are not how much money you have in the bank.
You are not the car you drive.
You are not the contents of your wallet.
You are not your fucking khakis.
You are the all-singing, all-dancing crap of the world."
-in Fight Club

Como é possível haver tanta informação, e tanta ignorância? Como é possível haver pessoas tão inteligentes, e generais de guerra? Como podem estragar o vosso único presente? A única coisa que têm, e não é vosso, é a Terra. E é aquilo que mais destroem. (Pobres e mal agradecidos)

Sentem-se. Na cadeira. No sofá. No chão. No cão ou no gato. No tecto, e nas paredes. Não se sentem, mas sentem-se. Deixem que a energia entre. Ela está em todo o lado, não se escondam. Não se defendam. Ela é o que fizerem dela. Respiram-na, e temem-na. Vêem-na, e temem-na. Sentem-na, e desejam nada mais sentir. Parem. You are who, what, where and when you are. Nothing more. Nothing else is relevant. You're here, now, the way you want to be, who you believe you are. Namaste. "My inner God acknowledges your inner God". Namaste.

Porque é que a sociedade cheira mal?.. Porque é que a segurança que é tão boa é tão má?

"Any society that would give up a little liberty to gain a little security will deserve neither and lose both"
-by Benjamin Franklin

Quem me explica isto?.. Quem me explica porque é que ainda insistem no medo, na desconfiança, na dor, e na violência?.. Não sei..


MFerreiro.

domingo, 19 de julho de 2009

Au naturel - Parte I + Parte II

Chego a casa, são 05h43.
Começo a tirar o casaco. Doem-me os braços. Estou cansado. Dói-me a cabeça.. Estou estafado.
Foi um longo dia. Começando cedo, há mais de vinte horas atrás.. Acabando agora, assim. Bocejo. Penso no que fiz, nos riscos que corri, no que ganhei, no que perdi.

Ganhei.
Como sempre.. Sempre que posso, digo..

Estou comigo, e sou quem mais ganha com isso.



Tiro as pesadas armaduras.. Estou ferido no peito. Pouso-as no chão, deixo que também elas se queixem. Afinal, sacrificam-se por mim. A espada ensanguentada ainda está quente. Agradeço a Thau'in a força e a mestria com que me abençoou.
Tenho um estilhaço de vidro incrustrado no ombro esquerdo. Mordo a almofada para não morder mais nada. Parece que está preso. Tremo, sinto-me a fraquejar, mas tenho que acabar de arrancar o bocado.
Já está. O ombro pinga, mas pelo menos não tem vidro. Vou buscar um pouco de pólvora. Tenho sempre um bocado para estas situações. Espalho-a por cima da cavidade onde se encontrava o vidro. Lume.

Queima, arde, passa. Dói.

Não será sempre assim a vida? Fazemos o que temos que fazer, e acabamos por sofrer, acaba por nos doer tudo. Temos todo o tempo do mundo para nós. As outras pessoas não são assim tão importantes. Não devem ser! Não podem ser. Ninguém lhes deu esse direito, de conseguir mudar o mundo que com tanto trabalho..

Pare. Escute. Olhe.

Pois, às vezes tem que ser. Há que observar. Há que saber o que nos rodeia. Há que controlar o que nos rodeia. Há que saber o ponto fraco de cada um, o ponto forte de cada um, saber como destruir, e como reparar cada pessoa à nossa volta. Só assim temos o direito de estar com elas, dominando-as.

Cala-te e pensa. De que estou a falar, perguntas. Falo de algo.. Bonito. Relações interpessoais. Mas algo tão belo, complexo e interessante como um buraco negro, o Sol ou qualquer outra coisa que saibam que se chegarem demasiado perto sem saber tudo, nunca irão conseguir regressar.

Sobrevive ou morre. Vive e deixa viver? Já não se vê.. Mata, ou morre..
Não funcionas assim? Então espero nunca te encontrar.. Se tiver que ser, eu chego primeiro ao coldre. Nunca treinei, é da prática que já tenho. Esta vida não está fácil, e ambos sabemos disso.

Levanta-te. Ninguém quer olhar para alguém que está estendido no chão porque está cheio de problemas. Os humanos atraem-nos, todos os têm. Se todos fizessem o mesmo, o mundo parava, ninguém se iria levantar. Então porquê tu? Que tens mais que os outros? Quem te conferiu esse direito? Não fui eu.

Fogo. Chamas. O som de madeira a estalar, prédios a ceder. Gritos. Nenhum deles sabe o que é. Se lhe quiserem dar um nome, que fique... O Fogo da Purificação.

Corpos queimados, chagas flamejantes, incandescentes. Eu sei quem vocês são. Mas vocês não sabem quem eu sou. Nem quero que saibam. Fiquemo-nos por aqui.

Levanto-me lentamente da cama. Tomo um duche rápido. Merda, já estou atrasado.


MFerreiro.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Presente

Não faço nada.

Abro os olhos, vejo que estou atrasado. Sempre. Já devia ter feito isto há meia hora, já devia ter saído, já devia ter corrido, já devia ter chegado, já devia ter enviado um fax, já devia ter falado com duzentas pessoas, já devia ter, já devia, já devia, já, já, já, tenho que, sempre, tudo. Porra! Cala-te!
(Maldita consciência)

Vamos lá parar um pouco.

Era uma piada. Não podes, não dá para parar, há sempre alguém a correr atrás de ti, passa e dá-te um empurrão, rouba-te a mochila, os óculos, ou o telemóvel que tinhas na mão para ligar à pessoa de quem gostas. Corre. Vai atrás dele. Ele nem sequer é propriamente atlético, mas já tem um bom avanço. Dizes, a medo "Desculpe" às pessoas em quem dás encontrões. Mas isso só as ofende. Quanto menos contacto com os outros tiverem, melhor. Os empurrões? Pão nosso de cada dia, estão habituados, já não mudam de expressão, não fazem caretas de dor, nem sequer se desviam. "Desculpe"?.. O pensamento é veloz, e a frase aparece: "Eu conheço-o, para estar a falar comigo? Eu tenho cara de quem quer falar com alguém sem ser por obrigação?! Meta-se na sua vida!"

Pensa! Estavas a perseguir aquele gordo com as calças pelos joelhos, em plena Baixa Lisboeta.

Virou uma esquina. Qual? Interessa?.. (Pausa para telefonema. Não serão poucos, hoje.)

Correr. Correr. Correr. Tem que ser. Eu tenho que correr. Não dá para parar, não podes. Nunca. Fecho os olhos. "Merda, estou atrasado."

Não faço nada.


MFerreiro.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Hoje sim.. Mesmo?..

Pois, é um bocado duvidoso. Quando as certezas decaem exponencialmente, temos o copo probabilístico entornado sobre o mar do nunca.

De que falo? Às vezes nem eu sei. Sim, poderia ser dito sobre a minha pessoa (sim, esta pessoa que escreve é uma pessoa, não material, mas é uma pessoa) que há um certo desconhecimento dos sentimentos que nutro. Desenganem-se, esse não é o caso. Lá porque tudo é uma correria, e toda a gente anda depressa, e temos que dar o nosso melhor, e isto, e aquilo, não quer dizer que não consigamos parar um bocadinho para pensar sobre nós próprios, ignorando, nem que seja por uns segundos, tudo o que nos rodeia.

Façamos um exercício mental. (Ler primeiro todos os pontos, ou arranjar alguém que vos leia isto)

- Fechar os olhos (Por isso é que é importante seguir as instruções!)
- Inspirar três vezes, profundamente
- Sentir a respiração na pele, sentir o vento
- Libertar a cabeça, rodar o pescoço livremente, sem qualquer obrigação de modo ou sentido. Rodar, apenas.
- Esticar as costas, espreguiçar o corpo para os mais libertos
- Parar tudo. Pensar. (Este é o passo mais difícil: deixem a mente vaguear por onde bem lhe apetecer. É ela quem vos vai guiar nesta pequena viagem)
- Onde estão? Sozinhos, acompanhados? Vejam o que vos rodeia, a cor do céu, estejam atentos a todos os pormenores nas imagens que vêem.
- Vão. Vão para onde querem, vão embora de onde não querem estar, vão para lado nenhum ou para todos os lados ao mesmo tempo. Mas vão.
- Quem são? Descrevam-se. Em poucas palavras. Em muitas palavras. Em gestos, em sons, em cheiros. Saibam quem são, é só isso que interessa.
- Aprenderam alguma coisa?..
- Inspirar três vezes, profundamente.
- Abrir os braços. No final de contas, estão a dar-vos as boas vindas a vocês próprios.
- Abrir os olhos, estão de volta.
- Levantem-se, andem um bocadinho.
- Sorrir. O mundo acordou. Ou terão sido vocês a acordar para o mundo? Não sei, está nas vossas mãos.

MFerreiro.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Sentado, escrevo

Sim.
Sentado, escrevo, e não sei quando vou parar. Nem como começar.

A vida flui, e com ela, todos os nossos sonhos, vontades, desejos íntimos. No fundo não seremos aquilo que queremos?

Uns correm atrás do seu próprio destino, sem se preocupar com mais nada.
Uns seguem montados no seu fado, nas mãos as rédeas da sua vida.
Uns fogem apressadamente do caminho que julgam errado.

Ninguém fica parado.

Tu vais.
Tu voltas.
Às tantas, um dia ainda cá estás, e já voltaste, no dia a seguir queres outra vez o comboio que te levou para longe, mas que te fez estar cá sempre.

Corre vida. Corre vento. Corre comboio enquanto fumas a tua pensativa madeira, soltando os aros de fumo negro que exalas sabiamente. Corre velho. Corre novo e ajuda o velho.

Não páres. Corre. O amanhã demora, e ontem já foi. Vais perdoar-te se não deres o melhor?

MFerreiro.