Estava um dia lindo de Verao, e ele escrevia, enquanto as palavras teimavam em sair de uma caneta aparentemente morta. Encontrava, no seu caderno, a forma mais leal de mostrar a sua desilusao, provocada pelo peso das circunstancias que o sufocavam, clamando ja pelo Outono que lhe era prometido.
As telhas de uma casa, pintada de uma cor pouco mais vibrante que ele, reluziam na sua visao que, curvada, reconhecia a correspondencia da paisagem com o seu estado de espirito, ora apatico, ora pratico, mas nunca pronto.
Sentado, observou uma cadeira verde, e deixou, levemente, escapar um sorriso, lembrando-se do que ela representava, com o seu ar ironico de esperança. Olhou, entao, em seu redor, procurando definir-se: Viu grades, predios, passaros, asfalto e tijolos. Pensou:
- Posso olhar para o asfalto como a estrada da minha vida, e para o tijolo como maneira de a construir. Posso considerar-me um espirito livre, como um passaro, que atras de uma grade nunca sera feliz.
Mas decidiu ignorar tudo isto, sob pena de cair num lugar-comum.
Abriu os braços, numa tentativa de voo. Esqueceu o virtuosismo de outrora, e caminhou, na sua mente, pelo cume de montanhas inexploradas, senao por si mesmo. Encontrou-se brevemente, apos anos de procura. E o resto ficou para a Eternidade.
E tu?
(desculpem os acentos, teclado estragado)
Nirvana Blue
#500
Há 7 anos
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