segunda-feira, 4 de outubro de 2010

#47

Onde foste? Hoje restam apenas os lençois desarranjados e amarrotados, intocados desde a ultima vez em que te deitaste neles.
Restam os bilhetes no frigorifico, auxiliares da tua memoria que, ora sim, ora nao, chega atrasada aos compromissos que promete nao esquecer. Levaste parte de mim, nesse teu desejo de partir, tao rapida e subtilmente, 'a procura da proxima aventura.

"Vamos perder-nos por ai'"...ah, a sensaçao...que saudades!...virar o carro para uma terriola que nao conheço, porque nao a conheço, porque nao quero voltar nunca.

Nunca pensaste demasiado nas coisas. Nunca pousavas a tua maquina fotografica, na tua procura de uma situaçao perfeita, de um olhar sedutor, cheio de emoçao, que irias eternizar. De uma mae com os filhos, de uma flor fora do sitio, como tu 'es.

So' contavas com a tua leviandade, com a tua facilidade em saltar de liana em liana, nunca sentindo a falta de nada, ou sentindo, mas pondo a tua causa acima de qualquer outra pessoa. Por uma questao de sinceridade, dizes. Como o "Blackbird"...sim...perfeito para te descrever...

Mas quando foste, nao tiveste em conta que eu fiquei. E acordei sozinho nesse dia, com uma fotografia, e uma frase de ida mais apressada que eu gostaria que fosse: "You were only waiting for this moment to be free".

E, ate' morrer, vou lembrar-me de ti, e do que teria acontecido se tivesses ficado mais um dia, uma semana, ou ate' este pensamento.

Ate' morrer, vou olhar para os passaros de maneira diferente.

Ate' morrer, tiro todos os dias uma fotografia.

Ate' morrer, perco-me todos os anos.

Ate' morrer, vou encontrar-te.


NIRVANA BLUE

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