quinta-feira, 18 de março de 2010

Parte 2: De instinto a extinto?

Tal como os genes têm a "mística" capacidade de se reorganizar aleatoriamente, também o cérebro humano tem a capacidade de misturar elementos que tenha apreendido, previamente, de forma nova, muitas vezes incompreensível, mas sempre surpreendente.
[Atenção, não devemos rotular uma nova ideia ou construção como inútil ou vã sem primeiro compreendermos todas as suas possibilidades de aplicação, práticas ou teóricas. O conformismo que nos rodeia impele-nos a criar preconceitos, a organizar o pensamento segundo aquilo que nos é fácil de agrupar. A isso, creio que chamamos falácia da indução.]
Assim sendo, não podemos, por facilitismo, sub-valorizar uma nova ideia, partindo do princípio que esta é composta por ideias anteriores, "apenas" organizadas de forma nova. Esta capacidade reorganizativa é a fonte de todo o engenho que dispomos. Antes de se falar sobre partículas subatómicas, tivemos que falar sobre átomos. Antes disso, falámos sobre substâncias, mas antes de as controlarmos, divertimo-nos a fazer pingar ferro sobre formas, depois de sabermos aquecer comida com um punhado de ramos secos e duas pedras muito especiais. E tudo isso apenas porque tinhamos fome.
Será que, após este processo de modificação de estruturas (com os mesmo elementos), iremos encontrar forma de nos prolongar a nós mesmo como o nosso próprio legado? Será que estamos dispostos a trpcar a nossa descendência por uma aprendizagem (quase) eterna? Sim, porque se atingirmos tal patamar de evolução, não nos poderemos dar ao luxo de sobre-popular uma Terra já escassa para tanta gente.
Quais são então os riscos? E se a nossa invulnerabilidade encontrar um inimigo à altura? Seja este interno ou externo, seja a decadência biológica ou um atentado à nossa existência, corremos sempre esse risco: a aniquilação total. O apagar de uma história evolutiva que nos é tão querida, mas apenas porque é a nossa. Se acabarmos como os dôdos, quem nos vai salvar do esquecimento? Nós criamos um registo das espécies que nos acompanham ou acompanharam, inclusivé da nossa própria. Mas se nós não a pudermos defender, não haverá outras espécies a fazê-lo. É por isso imperativo que tenhamos uma dupla função de defesa do conceito de espécie: preservar o meio que nos rodeia, e todos os seres que dele façam parte, e preservar a nossa própria essência como guardiões de um mundo, de uma realidade inventada por nós, mas que não nos pertence.

MFerreiro.

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